Em entrevista ao The New York Times, Westwood, com 75 e tão questionadora quanto no início de sua carreira, afirmou que o retorno nada tem a ver com nostalgia ou questões sentimentais. “Eu não sou particularmente patriótica com relação a Londres”, disse Westwood. “Londres é o coração do nosso podre sistema financeiro e suas comunidades estão sendo esmagadas por desenvolvedores gananciosos, que estão arrasando as casas noturnas e habitação social, a fim de construir apartamentos de luxo para investidores estrangeiros que, em seguida, ficam totalmente vazios”.
Sendo assim, para a designer, é uma questão de consciência. “Realmente, a decisão de transferir os desfiles está enraizada apenas na eficiência”, disse ela. “A marca é baseada aqui, e assim, logisticamente, fez mais sentido manter o desfile local. Trata-se de dar um exemplo e tornar Vivienne Westwood uma empresa modelo para o momento em que vivemos”.
Mas não foi só seu retorno à capital inglesa responsável por levantar questionamentos sobre o sistema de moda (e além). Intitulada “Ecotricity” a coleção foi, como sempre, uma mistura de ativismo ambiental com a essência e estética punk, sempre presente no trabalho de Westwood. Não à toa, a comunidade de moda internacional já conferiu um novo adjetivo às criações da estilista: eco-punk. A nota oficial do desfile, segundo o The Guardian, explicou o título: “O que é bom para o planeta é bom para a economia/o que é ruim para o planeta é ruim para a economia”.
A coleção apresentada contou com uma certa fluidez de gênero, na onda gender-bending, com modelos masculinos e femininos, usando roupas que servem para qualquer pessoa. “Unisex pode soar como uma piada, mas, na verdade, é tudo sobre estilo e ser capaz de se vestir como quiser”, explicou ela. “Trocar roupas com seu parceiro significa que você pode comprar menos, escolher bem e realmente fazê-las durar”.
Nos bastidores, ela também comentou sobre a recente queima de memorabilia punk que ela e seu filho com o uma vez empresário dos Sex Pistols, Malcolm McLaren, Joe Corré, fizeram em novembro. “A última coisa que me interessa é me manter alinhada com o tempo” comentou. “Eu prefiro ir mais rápido do que isso. Eu tenho que. Estamos vivendo em uma época onde nos deparamos com desastres a cada curva”.