O Backstage é o podcast do Modefica para falar sobre moda a partir de diversos pontos de vista e para muito além do que vemos nas passarelas, nas revistas, no Instagram e nas manchetes. Sempre com convidadxs especiais contando sua trajetória, e junto com nossa editora Marina Colerato, o Backstage debate indústria, carreira, questões de gênero e raça, temas quentes e futuro da moda. Ouça no Spotify ou iTunes.
Giovanna Nader é publicitária de formação. Seu trabalho de conclusão de curso foi sobre o grupo Inditex, responsável pela Zara e uma série de outras marcas, bem no momento de ascensão da ideia do fast fashion no mundo todo. Por um lado, o trabalho foi uma ponte para entrar no mundo publicitário da indústria da moda. Por outro, foi também uma forma de entender que esse mercado não fazia o menor sentido. Com programa recém-estreado na GNT sobre estilo e brechós, o Se Essa Roupa Fosse Minha, Giovanna reforça sua trajetória construída a partir de um olhar para a roupa usada, que começou com o Projeto Gaveta em 2013.
Nos últimos anos, o aumento significativo no número de brechós trouxe uma maior diversidade nos modelos das lojas de segunda mão: desde espaços enormes organizados como uma loja de departamento até portinhas escondidas com curadoria feita a partir de um estilo ou época específicos. Os espaços e serviços de troca também aumentaram, onde não é preciso envolver dinheiro e a roupa é a moeda.
Porém, o alerta é que não vale transferir o consumo desenfreado para o brechó ou para as feiras de troca. “Eu já cai muito nessa. Inclusive, já fiz uma venda de roupas de brechó que eu tinha comprado e não tinha usado”, confessou Giovanna. Então, quando falamos de roupas de segunda mão com apelo de sustentabilidade, o desafio, mais do que comprar usado, é quebrar a mentalidade do consumismo que foi inserido em todas as pessoas dentro da nossa sociedade industrial contemporânea.
Giovanna também compartilhou um pouco sobre sua experiência de moldar a comunicação para levar o debate da sustentabilidade mais longe depois de apresentar um programa de maior alcance como o Se Essa Roupa Fosse Minha, inclusive, ponderando as realidades diversas dentro do Brasil e as relações diferentes que cada pessoa cria com a roupa e com o consumo. Giovanna também pontua o papel da sustentabilidade no debate sobre diversidade, representação e como seu entendimento sobre isso foi mudando e evoluindo desde o início do gaveta em 2013. “Não replicar os sistemas de exclusão”, acrescentou Marina, “é muito importante nesse debate”.
Por fim, qual o papel das pessoas, das marcas, do governo nesse debate? Ambas concordam que todo mundo tem protagonismo necessário na transformação que queremos – inclusive de assumir que o modelo econômico atual está falido.