As marcas Vaute Couture, Delikate Rayne, Nicora Shoes, Freedom of Animals e Susi Studio estavam entre as convidadas do painel de discussão e compartilharam suas estratégias para não perder suas práticas livres de crueldade e ainda assim se manterem relevantes dentro da indústria de moda como um todo. Como esperado, houve muita conversa sobre materiais alternativos, focando não só em matérias-primas não oriundas de sofrimento animal, como também mais ecológicas.
Para as painelistas, tecnologia é uma ferramenta importante para a produção de novos materiais – e também é o que está atraindo investidores interessados nessas novas empresas de moda. Bianca Mora, da marca Susi Studio, está começando pesquisa e desenvolvimento de produtos com Pinãtex, o couro feito de abacaxi, com a ideia de suplementar o plástico reciclado que ela usa em seus sapatos. Enquanto isso, Meg e Komie Vora, da Delikate Rayne, preferem o couro de cogumelo como uma alternativa biodegradável e repelente de água para a camurça.
Stephanie Nicora, da Nicora Shoes, resumiu ao WWD o que é a moda vegana comparada com a indústria da moda:
A indústria de moda regular é como o Buick da sua avó. Mas a moda vegana é Tesla.
Leanne Mai-lay Hilgart, da Vaute Couture, abriu recentemente uma rodada inicial de financiamento e tem como objetivo atrair investidores institucionais que podem financiar uma fábrica dedicada à fabricação de suas roupas no Centro-Oeste dos EUA. A designer de Nova Iorque não produz acessórios, mas oferece uma vasta gama de produtos – desde moda praia com tecidos produzidos a partir de tapetes reciclados até vestidos de festa com tecidos fiados com fibras de garrafas de plástico reciclado, passando por casado de inverno. Não à toa, caiu nas graças da Vogue e de estrelas de Hollywood.
O evento também teve o objetivo de atrair estudantes de moda e colocá-los em contato com esse universo, o que nos soa como um esforço do PETA de se colocar como uma alternativa ao cenário desanimador dos estudantes que são financiados e abocanhados pela indústria da pele muitas vezes ainda dentro das faculdades.
Segundo o WWD, a ONG, além de comprar participações em grandes conglomerados de luxo, também começou a investir recursos para estudar a cadeia de suprimentos global da perspectiva de um designer vegano e compilou um guia de materiais, juntamente com uma lista de fornecedores de têxteis que vão desde a brasileira EcoSimple até a Sommers Plastics Products em Clifton, NJ. Por enquanto, o guia foi disponibilizado apenas para os presentes no evento.
“Luxo está relacionado com peles de animais. E nós queremos mudar isso, mostrando às pessoas que é possível ter uma boa dose de qualidade e produção artesanal sem ter um produto derivado de animais”, disse Komie Vora, da Delikate Rayne. “Eu simplesmente não acredito que os seres vivos pertencem aos negócios… fazemos tudo nas fábricas e industrializamos tudo como partes de máquinas – e os animais não são partes de máquinas. É inevitável que haverá um ponto em que tudo será vegano”, explica de maneira positiva Leann Mai-ly Hilgart.
Ainda há muito espaço para a moda avançar em se tratando de inovação e tecnologia, além de melhores práticas como um todo, mas parece que as mulheres liderando a moda vegana global estão no topo da curva e interessadas em alinhar cada vez mais seus negócios com um nova moda. Um brinde a esse mundo de possibilidades e esperança que está se abrindo.