Mas esse cenário está mudando. Stella McCartney que o diga. Mais do que nunca, empresas e marcas estão procurando alternativas ao couro e até mesmo ao PVC (polyvinyl chloride) ou PU (polyurethane) – as variáveis sintéticas mais famosas e oriundas do petróleo, fonte não renovável. É uma demanda da sociedade como um todo: cidadãos, consumidores e ONGs.
Por estar linkado diretamente a questões como desmatamento, crueldade animal, destruição ambiental, poluição e graves infrações aos direitos humanos*, o material cada dia mais perde seu status de líder absoluto e as pessoas anseiam por alternativas. A indústria do couro gera bilhões de dólares em lucro, principalmente em países como China, Índia e Brasil, mas não estamos mais aceitando os incalculáveis custos sociais e ambientais dessa prática, já está na hora de ir além.
Fora do Brasil, é possível observar um mercado se consolidando, com materiais reciclados ou descartados de fontes renováveis – como o “couro” feito a partir das cascas descartadas do abacaxi, que já encontramos à venda em marcas internacionais.
Por aqui, materiais como a cortiça, o algodão, o PET reciclado ou tecidos upcycled também já são opções reais que vemos em algumas lojas, mas, para se livrar do couro, vez ou outra precisamos sim recorrer ao PVC, ao PU e ao poliéster e essa é uma decisão que cada um deve fazer com base em informação e de acordo com seus próprios valores e estilo de vida. Nós já falamos sobre isso por aqui.
Abaixo, você confere nossa seleção de marcas para encontrar de botas a sandálias de verão, todas brasileiras e com produção nacional.
1. Ahimsa
A Ahimsa talvez seja a marca de calçados veganfriendly mais antiga do Brasil. Localizada no interior de São Paulo, a marca tem fábrica própria e produz calçados e acessórios com materiais alternativos como borracha reciclada, lona de algodão, cola à base de água, cortiça e, para quem gosta da aparência do couro, há também versões em material sintético (PU) – incorporado recentemente pela marca – feitas com muito cuidado e primor. A Ahimsa é a primeira empresa brasileira com o selo PETA.
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2. Apuê
Lançada em 2015, a Apuê é uma marca de calçados de produtos em couro, mas entendendo a necessidade e a demanda do mercado, criou uma versão veganfriendly que agradou muita gente, o modelo Derva espelhado. Agora é torcer para que a marca equilibre a produção e tenha mais opções livres de crueldade.
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3. Tiquita Bacana
Descobrimos a Tiquita sem querer no Instagram. As sandálias coloridas chamaram a atenção e fomos logo verificar se tinham opções veganfriendly. Boa surpresa: todos os sapatos da Tiquita são livres de matéria-prima de origem animal. Os modelos são bem alegres e combinam com o verão, há modelos com mistura de pompons e pedras naturais para quem gosta de balangandãs.
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4. Yellow Factory
Nascida em 2014, a Yellow Factory cria e produz todos seus sapatos no Brasil em pequena escala. A marca possui versões com couro animal e versões com materiais sintéticos e alternativos ao couro. É bem fácil achar, nem precisa vasculhar composição. É só ir em Calçados e depois Vegan para ver todas as opções.
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5. Kasulo
De São Paulo, a Kasulo já está há algum tempo na ativa. Os carros chefes da marca são as flats com cabedal que parecem um casulo feitos com tecido excedente da indústria têxtil numa produção bem autoral. Algodão, juta e borracha são as matérias-primas mais utilizadas pela marca.
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6. Insecta Shoes
Para quem acompanha o Modefica há tempos, a Insecta dispensa apresentações. A marca de calçados veganos mais famosa do Brasil é com certeza um hit entre os que calçam sem couro. Parte da linha de sapatos da marca é produzida com PET reciclado, parte com tecido EcoSimple e o carro chefe são as peças estampadas produzidas com roupas antigas e em desuso garimpadas pelo mundo. Todos com sola de borracha reciclada, sem gênero e produzidas em duas fábricas em Novo Hamburgo (RS).
A Insecta também faz parcerias, a mais recente delas com a estilista Flávia Aranha. Há pouco tempo a marca lançou a linha Calce Uma Causa, cuja parte das vendas será revertida para uma ONG ou projeto social e ambiental. A primeira causa visa arrecadar fundos para o projeto Alerta Vermelho da AMPA (Associação dos Amigos do Peixe-boi), que protege os botos cor de rosa (espécie ameaçada de extinção) na Amazônia e faz ações junto à população local e ao governo.
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7. King 55
Desde 2001, a marca vegana paulista King 55 tem preocupação em fazer uma moda livre de crueldade. Lá você encontra uma vasta gama de sapatos masculinos e femininos, incluindo tênis e chinelos (além de moda no geral). Tudo com pegada streetwear urbana.
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8. Via Mia
A Via Mia é uma marca carioca que acidentalmente possui opções veganas. Há modelos básicos que são boa pedida para o dia a dia, com modelagens bastante atemporais. Por conta do clima e estilo carioca, é possível achar muitas rasteirinhas e flats. Nosso último contato com a marca, no ano passado, nos confirmou que a produção da Via Mia é brasileira. No site da marca, nem sempre dá para saber quais modelos são de material sintético (que eles chamam de napa soft) e quais são de origem animal, então indicamos que você mande email questionando sobre o modelo.
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9. PAR
A PAR tem produção artesanal e sapatos com algodão, algodão reciclado e PET e sola de borracha. Para ser usado com ou sem cadarço. Também de Porto Alegre, a PAR compartilha do conceito unissex com sua conterrânea Insecta. “Aos poucos a PAR vem adequando os seus produtos usando materiais ecológicos. Não trabalhamos com coleções e as melhorias vem sendo inseridas aos poucos”, explica Jessica Unikowski, criadora da marca.
As tradicionais caixas de sapatos foram substituídas por sacolas exclusivas criadas com o reaproveitamento de faixas e banners, em parceria com o grupo produtivo Cardume de Mães, formado dentro da ONG Projeto Arrastão. A PAR não é vegan, mas conta com essas opções livre de crueldade.
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Nota:
* No Brasil, vale relembrar o desastre do Vale dos Sinos, que afetou populações ribeirinhas e matou quase 100 toneladas de peixe. O Rio do Sinos é afetado por resíduos resultantes da intensa atividade industrial na região que é um pólo produtor de couro e calçado, entre outras atividades. Curtumes da região foram, inclusive, acionados judicialmente.