Em 2011, as duas voltaram ao Brasil. Bia continuou a trabalhar dentro do seu ramo, de marketing em grandes empresas, enquanto Lais procurava alguma coisa na área de moda, mas nada que ela encontrava a dava o entusiasmo necessário já que não havia espaço para criações autorais no mercado.
No fim de 2011, a Lais montou uma mini-coleção para colocar seus desejos em prática e, de quebra, vender para as amigas. Bia frequentava os bazares da prima e não vendo sentido e significado no próprio trabalho, resolveu unir forças à ela, acrescentando expertises de administração e marketing necessárias para o negócio dar certo. Em 2012 surgiu a Acolá.
Desde o começo as referências da marca vieram do universo das artes plásticas. Com o passar do tempo, elas foram entendendo cada vez mais que a proposta da Acolá é levar arte para o cotidiano das pessoas ao mesmo tempo que sempre se mantiveram comprometidas com uma moda autoral e atemporal, com peças que vão além de tendências e produzidas com qualidade e para durar.
O ser maior que ter faz muito sentido pra Acolá, que entende e observa cada vez mais mulheres se libertando de padrões estéticos e compras aleatórias para se sentirem aceitas.
Mas a Acolá vai por um caminho alternativo ao da moda minimalista com cores neutras e formas clássicas que estamos acostumadas a ver por aí quando falamos de moda atemporal. “Somos uma marca que faz criações com expressão, tanto nas cores quanto nas estampas”, explica Bia. “A gente vai pro lado da força, da personalidade. Para pessoa poder se apropriar disso para contar a história que ela quer ao vestir a nossa roupa”.
O principal objetivo da marca é ajudar as mulheres expressarem sua personalidade e o que elas acreditam. O ser > ter faz muito sentido pra Acolá, que entende e observa cada vez mais mulheres se libertando de padrões estéticos e compras aleatórias apenas para se sentirem aceitas dentro de alguns grupos.
“Propomos novas experiências por meio da criação de roupas e isso possibilita às mulheres olharem para sua beleza, seu estilo e se reconhecerem no que a gente faz. Elas podem se apoderar das nossas criações pelas sensações que as cores, as estampas, as linhas, o toque causam nela. Por meio da apropriação de todas as referências que a gente colocou naquela roupa autoral, ela pode expressar sua personalidade”, explica Bia.
Assumindo O Próprio Tempo
Foi no começo desse ano que Bia e Lais sentiram a necessidade de reforçar esse compromisso com uma moda mais consciente, reestruturando a marca, mudando de endereço e de conceito, e se apropriando de vez de algo que elas já praticavam de maneira não declarada, o slow fashion.
“É insustentável e insano seguir o calendário de moda. Somos só duas e temos poucos fornecedores”, explica Bia sobre o porque elas decidiram assumir o próprio ritmo e abdicar de vez da agenda comercial das grandes marcas e varejistas. “Não fazemos roupas olhando apenas para as tendências. Nossa moda é atemporal então também não tem porquê a gente entrar nesse calendário convencional, não é roupa da novela. A gente não precisa concorrer com as fast-fashion, então decidimos fazer no nosso tempo”.
Com a essência da marca em mente e com o caminho a seguir já compreendido, a Acolá passa a contar com 3 linhas diferentes de produtos. A linha Essência conta com roupas versáteis, clássicas e que facilmente podem compor um armário-cápsula. Nela, a marca aposta em tecidos naturais como algodão e linho para produzir peças que se multiplicam no guarda-roupa como a calça pantalona, a saia midi, o vestido básico, o macacão preto. Já a linha Mov são roupas de malha que estão bastante ligadas às necessidades de movimento do corpo.
As peças da linha Essência e Mov são produzidas sob demanda, ou seja, a troca com as clientes na loja é que vai definir as próximas cores e formas a serem lançadas e repostas. Dessa maneira, não há estoque parado nem produção desnecessária.
Na linha Inspira é onde moda e arte se conversam mais. São coleções-cápsulas inspiradas no universo da arte com estampas desenhadas de maneira manual e exclusiva e produzidas por meio da estamparia digital. Nos tecidos, as pinceladas, traços e formas se revelam como forma de enaltecer as artes plásticas e o feito à mão. As mini-coleções vão se conversar então não haverá grandes liquidações.
Mas isso não significa que não vai ter nada off na loja nunca. “Nós vamos ter uma arara com modelos os quais só sobraram uma ou duas peças, e ainda peças piloto ou com pequenos defeitos. Não vamos acabar de lançar uma peça e depois vende-la pela metade do preço apenas porque o mercado disse que agora é liquidação. Não faz o menor sentido, se a gente colocou aquele preço na roupa, é porque aquele montante é o valor que precisamos para pagar toda nossa cadeia produtiva de forma justa”, explica Bia.
Moda E Arte, Loja E Ponto De Encontro
O novo espaço da Acolá, que será oficialmente inaugurado dia 22 e foi concebido pelo escritório de arquitetura Vão, está pronto para receber todo esse novo conceito. A loja é um mix entre loja de roupas e local para exposições diversas, além de contar com um espaço para promover encontros relacionados ao universo da marca como workshops, aulas e afins. Essa decisão não só veio para reforçar a ligação que a Acolá tem com o universo da arte, como também para mostrar às clientes o processo de produção das peças, que demoram cerca de 9 meses desde a concepção criativa até o produto final para ficarem prontas.
Bia e Lais querem um espaço convidativo onde as pessoas não entrem só para comprar, mas sim para passear e ver as exposições do momento. “Queremos ser um ponto de passeio em Pinheiros e um espaço que agrega para o bairro”, contaram elas.
Os Processos E O Futuro
A concepção criativa é feita dentro do ateliê e escritório, que ficam juntos da loja em Pinheiros. A produção é feita em duas oficinas diferentes, uma de tecido plano e outra de malharia. A oficina de tecido plano fica na Cidade Ademar e todo mundo que trabalha lá é do bairro: a modelista e piloteira, que é a responsável pela oficina, o cortador e todas as costureiras moram na região. A oficina responsável pela produção das peças em malharia fica em Pinheiros, perto da loja da Acolá, e todo mundo na oficina é contratado, garantindo que a produção não seja quarterizada.
Já as estampas exclusivas são criadas por uma designer de estampas, a partir das referências da Lais, e produzidas sob demanda por tecelagens parceiras. Em um estúdio na Lapa são feitos os tingimentos manuais com várias técnicas tanto para colorir tecidos quanto para criar padrões únicos.
Sempre em movimento, a Acolá busca inovação interna para além do produto, principalmente quando o assunto é sustentabilidade. A marca está de olho em novos processos, mas Bia admite que é um desafio equilibrar as vontades e as contas no final do mês. Por esse motivo, o movimento é constante para estruturar a empresa para incorporar cada vez mais processos conscientes e sustentáveis na produção como alternativas no tingimento, nas matérias-primas e aprimoramento em se tratando do verdadeiro comércio justo.
Conheça a loja online da marca e não deixe de marcar visita na loja-galeria na Rua Padre Carvalho, 52 em Pinheiros (São Paulo). Não deixe de acompanhar as novidades no Facebook e Instagram da marca.
A Acolá é: #slowfashion, #feitonoBrasil, #mulheresnamoda e com muitas opções #vegan. Lembrando que o Modefica busca se unir só a marcas que estão fazendo diferente. Apoiá-las é também apoiar o Modefica.