A ITC Ethical Fashion Initiative explica, de forma muito clara, o que eles fazem e, de quebra, resume o conceito de fair trade para quem não está familiarizado com o termo: “Nós não somos uma instituição de caridade. Nós fornecemos aos principais designers de todo o mundo produtos de moda desejáveis, com alta qualidade e, simultaneamente, damos autonomia a produtores pobres, através do acesso a um emprego remunerado, conhecimentos e habilidades. A iniciativa é sobre valores compartilhados. Nós fornecemos um caminho para sair da pobreza por meio de trabalho, facilitando o cumprimento do desejo genuíno do mundo da moda por ser ético e ambientalmente saudável”.
Para ser considerado, de fato, um trabalho de fair trade, a ITC Ethical Fashion Initiative segue diversas regras estipuladas pelo Fair Labor Association (FLA), ou Associação do Trabalho Justo. São elas: normas e guias que garantem salários justos, segurança de trabalho, ambiente livre de assédio, e o direito de lutar coletivamente por condições que oferecem a estrutura necessária para desenvolver rendimento justo e aumento de posição social – regras e guias com as quais, no Brasil, estamos mais familiarizados, mas não é comumente praticado nas leis de trabalho da África e parte da Ásia.
A Stella McCartney é parceira do ITC Ethical Fashion Initiative desde 2011 e produz toda sua linha de acessórios Made In Africa no Quênia, em uma comunidade de artesãos especializada em serigrafia e alfaiataria. O vídeo, narrado pela própria estilista, corresponde à coleção de inverno 2014, que está sendo vendida agora pela marca no hemisfério norte.
Simoni Cipriani fundou a iniciativa em 2009, que além da Stella McCartney, conta com Vivienne Westwood, outra inglesa, e com a brasileira Osklen na página de parceiros.
O fair trade é uma das vertentes da moda ética que mais me encanta e emociona, pois é a moda sendo um importante agente social, de forma bem direta e imediata, em comunidades completamente carentes de condições de vida básicas, em países sem a menor chance de desenvolvimento social a curto e médio prazo. O fair trade não é caridade, é apenas trabalho.
Marcas e estilistas que valorizam a troca justa, seja de maneira local ou global, como no caso do programa da ITC, merecem nossa atenção, consideração e chance de compra. Valorizar o fair trade na hora de comprar uma bolsa ou uma peça de roupa significa agir como protagonista na luta por um mundo mais igualitário.