Conceituado pelo fotógrafo Tim Walker e com styling de Edward Enninful, o novo editor da Vogue UK, o calendário conta com nomes como Lupita Nyong, Whoopi Goldberg, Adwoa Aboah, Duckie Thot, Sasha Lane e Naomi Campbell.
Em entrevista ao The Guardian, Walker explicou sua motivação dizendo que “isso nunca foi feito antes. Alice nunca foi contada desse jeito”. Para Thando Hopa, a advogada e modelo sul-africana que aparece como a Rainha Branca, “esse é um passo importante no desenvolvimento cultural – empurrar imagens que não são genéricas, que não se conformam com estereótipos”. Essa não é a primeira vez que o calendário Pirelli conta com um casting totalmente negro. Em 1987, Naomi Campbell, com apenas 16 anos, posou de topless numa edição só com modelos negras.
Alpha Dia, à esquerda, e King Owusu como os jardineiros.
A modelo Slick Wood como o Chapeleiro Maluco // Divulgação
A atriz Lupita Nyong’o, à direita, e a atriz americana Sasha Lane // Divulgação
O combo modelo + nudez sempre foi a marca do tradicional calendário, lançado em 1964. Porém, desde 2015, a Pirelli está mudando o tom e reflete uma nova era. Como explica o The New York Times, “o calendário deixa de ser um colecionável de nudez e passa a ser um barômetro social”. Para edição 2016, a Pirelli convidou Annie Leibovitz para fotografar mulheres conhecidas por seus “feitos profissionais, sociais e culturais” e contou com nomes como Yoko Ono, Patti Smith, Serena Williams e Amy Schumer. Já a edição de 2017 foi fotografada por Peter Lindbergh com atrizes como Helen Mirren Nicole Kidman e Julianne Moore fotografas em preto e branco, vestidas e sem Photoshop.
RuPaul, Duckie Thot e Edward Enninful no estúdio // Divulgação
A modelo e advogada Thando Hopa como a Rainha Branca // Divulgação
A modelo Adwoa Aboah aparece como Tweedledee // Divulgação
Todos no set estão preparados para possíveis polêmicas e desconfianças em torno das fotos, já que a indústria da moda não está nem perto de ser representativa e inclusiva o suficiente. Walker, um fotógrafo conhecido por seus editoriais surrealistas e românticos, disse que “foi importante sentir que estava fazendo algo completamente diferente. Tivemos zero demandas criativas e comerciais da Pirelli para esse projeto. Isso é muito raro nessa indústria”. Para o rapper Sean Combs “é uma chance de empurrar a consciência social e quebrar barreiras. Por vários anos, algo assim nunca teria acontecido no mundo da moda”.