Com a moda não é diferente. Sabemos que grandes marcas baseiam toda a sua produção em países como o Camboja, Bangladesh, China e Vietnã. Mas aos poucos os dramas sociais e ambientais relacionados a essa mão de obra barata têm ganhado mais visibilidade. A chamada moda ética (ou sustentável) aparece como uma solução para o consumo de roupas e acessórios, com uma produção que preza o meio ambiente e as pessoas. Esses são duas preocupações do slow fashion que, de maneira prática, significa algo como menos tendência, mais cuidado.
Chloé, uma maison de luxo parisiense fundada nos princípios da liberdade, leveza e feminilidade. Conceito Slow: Design atemporal.
Para quem é habitualmente inserido na moda, lê revistas e compra em grandes lojas de departamentos – acompanhando as tendências e novidades que chegam a cada poucos dias – surge uma interrogação no ar em relação ao consumo dessa moda consciente. Até pouco tempo, o que se entendia desse lado “alternativo” é que ele é inacessível, a “sustentabilidade chic” pode ser bem cara, ou vem com uma estética artesanal, “hippie”, bem clichê e é, ainda, uma moda distante, feita para um público pequeno e super engajado. Sendo assim, está longe da maioria das pessoas.
Mas essa percepção está, rapidamente, ficando para trás. A ética não precisa estar desconectada da estética. Inclusive, é a união das duas que forma esse novo e atraente mercado na moda. Em todo o mundo, novas marcas, e até mesmo as já consagradas, têm ganhado destaque com suas coleções feitas com materiais e tecidos diferenciados – a coleção da G-Star Raw com o Pharrel Williams, Raw For The Oceans é um excelente exemplo – resultando em produtos com uma boa dose de tecnologia e um design, sim, bem apurado! Produtos que facilmente passariam despercebidos pelo rótulo do sustentável e ainda se encaixam em diferentes tipos de orçamento.
Saindo da esfera do novo, o que já temos a nosso alcance, desde sempre, são possibilidades conscientes de consumo. Melhor ainda, dentro da personalidade de cada um. O slow fashion, literalmente o oposto do consumo desenfreado, sugere o investimento em um menor número de peças, porém com maior qualidade, feitas para durar mais tempo e combinadas com outras roupas que já temos (quem nunca se arrependeu de ter comprado tantas peças, baratinhas ou não, e que foram usadas poucas vezes?).
Gabriela Basso, marca gaúcha de roupas femininas. Conceito Slow: Design atemporal, feito à mão, no Brasil.
E essa moda slow não é sinônimo de “eco”. Não é preciso comprar só roupas feitas com tecidos de PET reciclado para ser consciente na moda. E o mais interessante é que o benefício é geral: bom para o nosso bolso, para a organização em casa e para o meio ambiente. Menos acúmulo é igual a um alívio em ter mais espaço sobrando no armário; menos opções para escolher, o que facilita nas combinações e menos roupas para descartar depois. Fora o orgulho que é saber que temos uma peça que é realmente o nosso estilo, tem um caimento perfeito e muita história pra contar. O “lento” do slow fashion não é pensado como velocidade, mas sim como uma reconexão com nossas roupas e um desafio à obsessão do fast fashion, com sua produção em massa e estilo globalizado.
A moda slow também incentiva o comércio justo, que protege seus trabalhadores e suas famílias. Além de procurar resgatar valores quase esquecidos de valorizar o que é feito à mão, em tiragens limitadas, com tingimentos naturais e proteção aos animais. Isso só pra citar algumas das alternativas que enquadram a moda em padrões mais respeitosos ao homem e ao planeta.
Zady, shop online só com marcas conscientes e com a origem de cada produto bem explicada. Conceito Slow: Design atemporal, qualidade, feito à mão, nos EUA e de maneira ética.
Quando a gente busca qualidade nos designs clássicos e/ou na originalidade, principalmente investindo em marcas que atuam em harmonia com o bem estar social e pensam em reduzir todos os impactos de sua produção, certamente o preço das roupas vai refletir o seu custo real – do material utilizado aos salários justos. Mas é só pensar no número de vezes que iremos usar essas roupas para perceber que, sim, vale muito a pena.
Da próxima vez que for às compras, go slow!