O estudo aborda o abuso sexual sofrido por mulheres e homens, entretanto, a taxa de vítimas do sexo masculino é tão baixa, que não é suficiente para chegar em conclusões e estatísticas confiáveis (apenas 1.7% dos questionados reportaram ser vítimas de abuso).
Apesar de pesquisas que buscam melhor entendimento sobre o assunto, e métodos para diminuir esse número extremamente alto de violência contra a mulher, serem praticamente inexistentes, alguns pesquisadores vem abordando formas concretas de prevenir e lutar contra o abuso sexual, sem deixar a culpa ou a responsabilidade em cima da vítima. É o caso da PhD, Laura F Salazar, que testou a eficácia de um programa de treinamento baseado em espectador-modelo chamado RealConsent, feito através da internet.
O estudo era direcionado exclusivamente aos homens, todos estudantes da Universidade Estadual da Georgia, dos quais 215 deles participaram da pesquisa durante os 6 meses completos. O que nos chamou a atenção foi a abordagem direcionada ao público que tem chances de virar agressor, o masculino, e não mais uma iniciativa que sugere que as mulheres se previnam. Ou seja, um método que visa tratar, de fato, a causa do problema.
Primeiro, os participantes fizeram uma pequena pesquisa que avaliou suas atitudes em relação (e se eles tinham ou não intervido em) as questões que envolviam seu consentimento. Em seguida, eles foram aleatoriamente selecionados para receber o treinamento RealConsent ou para receber um programa de treinamento de controle sobre questões gerais de saúde. Ambos os programas duraram três semanas; todos os participantes foram entrevistados, novamente, logo após completarem o treinamento, e, por fim, mais uma vez, seis meses depois.
Os resultados mostraram que aqueles que receberam o treinamento RealConsent relataram envolvimento em menos casos de violência sexual ou assédio, e intervieram com mais frequência para detê-los – em comparação com os seus homólogos que receberam o treinamento de controle. Além disso, aqueles que foram submetidos ao programa RealConsent relataram significativamente mais conhecimento em uma variedade de tópicos relacionados com a violência sexual; eles acreditavam menos em mitos de estupro, e tiveram mais empatia para com as vítimas, e exibiram, ainda, uma menor tolerância em face a comportamentos inadequados.
Apesar dos participantes terem se auto-selecionado para participar do estudo, e as informações e dados também terem sido recolhidas em forma de auto-relato, como a maioria dos estudos como este, o treinamento RealConsent se mostra uma vitória na luta contra a violência sexual, pequena, porém significante. Via Refinery 29