O Backstage é o podcast do Modefica para falar sobre moda a partir de diversos pontos de vista e para muito além do que vemos nas passarelas, nas revistas, no Instagram e nas manchetes. Sempre com convidadxs especiais contando sua trajetória, e junto com nossa editora Marina Colerato, o Backstage debate indústria, carreira, questões de gênero e raça, temas quentes e futuro da moda. Ouça no Spotify ou iTunes.
André Carvalhal ficou durante anos encabeçando o marketing da marca carioca Farm. Foi nessa época que ele lançou seu primeiro livro, A Moda Imita a Vida. Em 2020, a publicação completa 10 anos e André adianta que o relançamento virá com uma versão atualizada, capaz de refletir seu novo momento, que já entendemos qual é nos livros mais recentes: Moda com Propósito (2016) e Viva o Fim (2019). À frente da Ahlma, marca nascida da Malha, André agora tem pensado sobre qual o papel das marcas de moda nesse novo momento da indústria. Na conversa, ele compartilhou como foi essa trajetória, nada simples e com bastante questionamento.
Depois, o papo entrou na questão do papel das marcas hoje. Qual o sentido de ter uma marca num mundo que já tem tantas roupas? Para André, é reconhecer os problemas, endereçá-los e navegar pelas potencialidades da nossa indústria: “Existe uma força muito grande na moda [..] Tem uma força muito grande, acima de tudo, de influenciar hábitos, comportamentos, de criar modas. Então, na verdade, é nessa força que eu estou interessado. É no quanto a gente pode, através da moda, do que a gente faz, da comunicação de moda principalmente, como a gente pode ser um antídoto para esse mercado”, explica ele.
Quando André fala de comunicação como antídoto, ele fala também sobre quebrar paradigmas – principalmente em se tratando de posicionamento. O que não significa que tratar de questões humanas seja simples. Mas para ele não tem como ficar à parte ou ignorar os acontecimentos do mundo responsáveis por impactar esse ecossistema com o qual as marcas falando sobre sustentabilidade se relacionam. Posicionamento pode restringir público e até vendas, mas reforça uma verdade e gera responsabilidade com o discurso.
Por fim, Marina trouxe à tona a possibilidade de extrapolar a ideia de marca que se limita a produzir e vender roupas. Quais são as outras possibilidades? Com a Ahlma, o André tem experimentado novas formas como a loja com café, academia de yoga e outras frentes que fechou há pouco tempo. “A gente tem essa disposição na Ahlma… a gente fez essa loja, fez essa arquitetura, não deu certo? Acabou, muda, é outra coisa, vai pra outro ponto, vai para outro lugar. É o experimentar, é o talvez, é o tentar. Se não der certo você se arrepende, quanto antes você se arrepender, melhor”, explica ele sobre a importância do processo de fazer, se aperfeiçoar e seguir testando ideias.