No início do mês de março a Zara (outra grande marca do mercado fast-fashion), havia comunicado o lançamento da sua linha “Ungendered”, que inclui 16 itens básicos, com cartela de cor e modelagens minimalistas (muito criticada no mundo inteiro, por sinal). Nos Estados Unidos, o filho de Will Smith, Jaden Smith, se juntou aos criativos da Louis Vuitton para provocar os nervos dos avessos à androginia quando lançaram a campanha feminina Verão 2016 na qual o menino era a estrela. Usando saia, jaqueta, peças com franjas e tudo oque ele tinha direito. Pioneira, em 2015 a multimarca Selfridges criou a pop-up store Agender, uma experiência de compras sem gênero.
Interessante ver como as marcas estão atentas aos anseios das gerações mais novas que, com acesso à informação tão cedo, começam a discutir questões como o sentido da divisão binária entre homem e mulher. Com a popularização do feminismo e da luta pela equidade de gêneros, as pessoas passam a se entender cada vez mais como indivíduos, menos como femininos e masculinos. Que atire a primeira pedra quem nunca comprou uma camiseta masculina com uma estampa incrível ou pegou emprestada uma camisa do namorado.
Historiadora da Universidade de Maryland nos Estados Unidos e autora do livro “Sex and Unisex: Fashion, Feminism and the Sexual Revolution”, Jo Paoletti defende no último trecho de sua obra que “se desejamos uma sociedade com indivíduos que atinjam todo seu potencial, precisamos de uma cultura que reconheça a diversidade humana, que ofereça opções e respeite as escolhas”.
Países como a Suécia, Islândia, Finlândia e Noruega são exemplos de sucesso na luta pela igualdade de gênero. Em abril do ano passado, o pronome pessoal “hen”, com significação neutra, foi incorporado oficialmente ao vocabulário da Suécia e um livro infantil foi escrito utilizando o gênero neutro. As situações mais comuns de uso desse pronome são aquelas em que o sexo da pessoa pouco importa para o entendimento da narrativa.
Campanha Zara Ungendered // Reprodução
Essas mudanças de comportamento interferem diretamente no cerne da nossa cultura e para conquistar o mercado, muitas marcas têm levantado a bandeira do “sem gênero”. Aqui no Brasil temos exemplos como a Beira (criada em 2014 por Livia Campos), a Trendt, a BEN e a catarinense NO.ID.
Verdade seja dita, a tão aclamada igualdade de gênero precisa despertar na sociedade a aceitação e o reconhecimento de que nós humanos somos muito mais do que homens e mulheres, negros e brancos, heterossexuais ou homossexuais. Se o mercado de moda acordou para colocar em xeque as denominações binárias, mesmo que ele ainda tenha muito a aprender sobre isso, felizes de nós!
Campanha BEN // Reprodução