O Movimento Ecoera é hoje uma das iniciativas brasileiras de maior reconhecimento da área de moda mais sustentável, responsável não só por encontros anuais para discutir consumo, projetos socioambientais e criação de moda, como também idealizar um zine que reúne textos, editoriais e um guia de lojas, brechós, restaurantes e serviços com um propósito em comum: buscar, diariamente, diminuir o impacto ambiental. Mais do que escolher vencedores, o Prêmio Ecoera tem um grande valor na cadeia de moda brasileira por chamar a atenção da indústria da moda para iniciativas inovadoras no Brasil no âmbito da sustentabilidade.
Nesta primeira edição, o Prêmio contou com três categorias: Planeta, voltada para as empresas que se destacaram na pontuação relacionada às práticas ambientais; Pessoas, avaliava a relação com trabalhadores e comunidades locais: e Ecoera, uma junção do Planeta + Pessoas, sendo o prêmio de maior importância, com resultados de pontuação maiores. Em cada uma delas foram escolhidas duas empresas, uma com até 49 funcionários e outra acima deste número. Além dos vencedores, um conselho formado por um grupo de profissionais de diferentes áreas elegeu dois empreendedores e dois projetos sociais de destaque durante o ano de 2015.
Dos mais de 70 inscritos, 13 foram selecionados para a final através do Sistema B, movimento global cuja metodologia, apoiada em métricas e indicadores, analisou os resultados de impacto socioambientais das companhias participantes. A lista completa de vencedores pode ser conferida aqui. Algumas empresas ganhadoras já são conhecidas nossas, como a Insecta Shoes, a Dudalina e o Grupo Lunelli. Nós, do Modefica, no entanto, optamos por destacar, entre vencedores, finalistas e homenageados, outros projetos sociais, interessantes, sustentáveis e inovadores que valem a pena serem conhecidos por você.
Aliança Empreendedora com o Projeto Tecendo Sonhos
A Aliança Empreendedora é uma iniciativa responsável por incentivar empresas, organizações sociais e governos a desenvolver modelos de negócios inclusivos e criar projetos de apoio a microempreendedores de baixa renda, ampliando o acesso ao conhecimento, redes, mercados e crédito para desenvolver ou inicar seus empreendimentos.
Tecendo Sonhos é um dos projetos desenvolvidos pela Aliança, e tem como foco incentivar o empreendedorismo como combate ao trabalho análogo à escravidão existente na cadeia de moda com imigrantes latinos, em sua maioria bolivianos, que atuam em condições precárias de trabalho em oficinas de costura na cidade de São Paulo.
Entre as principais frentes do projeto para diminuir a frequência de casos relacionados à escravidão, destacam-se a criação de tecnologias para a mudança da cadeia produtiva, a orientação a donos de oficinas de costura formadas por migrantes para fortalecer as relações mais justas de trabalho, e o incentivo ao consumo consciente por atores que trabalham com sustentabilidade na cadeia de moda.
Bioart
Graças à sua pele sensível e alérgica, a empresária Soraia Zonta decidiu criar sua própria marca de cosméticos sustentáveis, que não utiliza componentes sintéticos nem realiza testes em animais. O portfólio de produtos da Bioart é composto por óleos, sabonetes, blushes, corretivos, cremes, rímeis e sombras, todos desenvolvidos com ingredientes naturais, orgânicos e bem brasileiros, como tapioca, argila roxa e açaí.
Casa Geração Vidigal
A Casa Geração Vidigal é uma escola de moda do Rio de Janeiro que busca identificar, capacitar e inserir no mercado jovens talentos cariocas. Fundada em 2013 por Nadine Gonzalez e Andrea Fasanello, a instituição é aberta a quem estiver interessado, porém é somente oferecida de forma gratuita para jovens residentes em comunidades. Os alunos contam com uma formação completa nas áreas de criação, modelagem, desenho, corte e costura, produção, figurino, marketing e empreendedorismo. Em 2015, a Casa forma sua terceira turma, e um recente projeto de crowdfundingirá permitir que os alunos desfilem suas coleções de conclusão de curso no próximo dia 6/12.
Catarina Mina
Em 2005, a designer Celina Hissa iniciou um trabalho com artesãs da Associação de Crocheteiras do Ceará com o objetivo de confeccionar produtos valorizando o trabalho manual, tornando-o atrativo economicamente e projetando-o de forma que as profissionais e as gerações seguintes sintam orgulho da atividade.
Investindo em um método de produção no qual as crocheteiras têm a segurança de uma renda mensal e trabalham em suas casas, no seu tempo e no seu ritmo próprio, a Catarina Mina é um das grandes expoentes do comércio justo brasileiro. Em 2015, a empresa lançou o projeto Uma Conversa Sincera, expondo os custos de cada etapa do processo produtivo de suas bolsas em sua loja virtual. Essa iniciativa mostra-se um artifício poderoso para valorizar o artesanato brasileiro e enxergá-lo não só como produto, mas também como tradição e arte.
Saissu
Partindo dos desenhos da designer Luly Viana e prezando pela sustentabilidade em toda a cadeia produtiva, a Saissu acredita que as parcerias com ONGs é a melhor maneira de confeccionar seus produtos. A marca utiliza materiais reciclados como borracha, algodão e garrafas PET e também certifica que eles correspondam a, pelo menos, 60% do componente de suas criações. Além disso, a Saissu também busca capacitar sua mão de obra e reverter parte da renda para projetos sociais, como a alfabetização do grupo de mulheres artesãs moradoras do Rio Tupana, no Amazonas, e o Plant Your Tree.
As inscrições para o Prêmio Ecoera 2016 serão anunciadas no site do projeto no primeiro trimestre do ano que vem.